quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Comunicado do GPS - Grupo Protecção Sicó 16-12-2009

Na sequência da comunicação efectuada pelo GPS no passado dia 10 de Dezembro à APA – Agência Portuguesa do Ambiente, ICNB – Instituto Conservação da Natureza e da Biodiversidade, PNSAC – Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, CCDR-C – Comissão Coordenadora de Desenvolvimento Regional do Centro e ARH-C – Administração Regional Hidrográfica do Centro, no qual, se informa da existência de duas cavidades cársicas, na área da implantação das sapatas, de dois aerogeradores, e ainda a existência de um depósito de crioclastos num dos já referidos locais do Parque Eólico de Alvaiázere. E, que, no dia da sua descoberta (a 8, de Dezembro), realizada por alguns elementos desta associação, não foi possível iniciar a exploração de uma das cavidades, nomeadamente a que se situa no local de implantação da sapata do aerogerador 7 (denominada por Algar AG7), devido à necessidade de alargamento da entrada e à inexistência de equipamento adequado para tal.

No passado dia 13 de Dezembro, o GPS voltou a deslocar-se à Serra de Alvaiázere, com o intuito de iniciar trabalhos de desobstrução e exploração da cavidade em causa. Ao chegar ao local, constatou-se que apesar da existência de uma cavidade em pleno local de implantação de uma sapata de edificação, de um dos aerogeradores do Parque Eólico de Alvaiázere, os trabalhos relativos à escavação/preparação para a colocação do específico aerogerador 7, não tinham sido interrompidos. E, com a sua continuidade, resultou mesmo no desaparecimento e/ou a ocultação do depósito de crioclastos, bem como da cavidade (Algar AG7), previamente detectados (Fotos AG7_8-12-2009 e AG7_13-12-2009).

O referido depósito crioclástico, foi completamente retirado da parede Este da escavação (Foto AG7_001), originando uma grande quantidade de detritos (terra e pedras soltas), que à data da segunda visita efectuada pelo GPS, se encontravam espalhados por quase 2/3 da área de escavação da sapata, ocultando ou mesmo entulhando na totalidade o Algar AG7 (Foto AG7_002). Contudo, apesar da destruição do depósito de crioclastos na parede Este, na parede Norte ainda é visível a caixa de falha com algum do preenchimento crioclástico (Foto AG7_003).

Para além desta ocorrência, constatou-se ainda que no local de instalação da sapata de edificação do aerogerador 6, onde no dia 8 de Dezembro também se tinha detectado uma cavidade cársica (denominada por Algar AG6), houve igualmente continuidade dos trabalhos de escavação/preparação da sapata para a colocação do aerogerador. Embora ao contrário do sucedido na sapata do aerogerador 7, esta cavidade ainda não tinha sido entulhada à data desta visita (Foto AG6_001).

Levando-se em consideração que o Parque Eólico de Alvaiázere está a ser construído num maciço calcário, em que as suas características geológicas e geomorfológicas potenciam um elevado surgimento de cavidades, e, que mesmo junto à sua área de implantação existe um importante monumento arqueológico, o Castro da Serra de Alvaiázere, não se compreende a aparente ausência de acompanhamento das obras por parte de técnicos qualificados em geologia cársica, por arqueólogos ou mesmo por espeleólogos. Tais técnicos, que aquando do surgimento de situações deste género, deveriam avaliar o interesse científico ou patrimonial das cavidades, elaborando os respectivos relatórios, para que as autoridades competentes pudessem determinar a sua necessidade de conservação.

Também não se compreende como é que durante as sondagens geológicas previamente efectuadas, nos locais de implantação dos aerogeradores (eventualmente com recurso a geo-radar), estas duas cavidades supra referidas, não foram desde logo detectadas, uma vez que pelo menos no caso do Algar AG7, já se encontravam sinais da existência de uma cavidade (escorrências e outras concreções calcíticas ) bem próximo da superfície.

Estranha-se ainda o facto de que durante o estudo de ocorrências cársicas efectuado, durante o processo de AIA – Avaliação de Impacto Ambiental, na área de implantação deste parque eólico, tenham ficado por assinalar várias cavidades ou possíveis cavidades. Neste sentido, no passado dia 13 de Dezembro, por parte do GPS, foi detectada mais uma cavidade não assinalada, que se encontra próxima da área intervencionada e que apresenta algum desenvolvimento horizontal e vertical (Foto ACoelho_001 / Croqui _Algar do Coelho).

No que diz respeito ao património natural aqui supra referido, encontra o seu enquadramento legal em vários diplomas avulso, contudo a sua protecção está assegurada, constituindo mesmo a sua destruição total ou parcial, passível de aplicação de contra-ordenação, pena de prisão e subsequente responsabilidade civil, administrativa e disciplinar, entre outras medidas específicas consagradas.

Para além das situações relativas ao património espeleológico atrás referido, também não compreendemos como é que é possível a construção de um aerogerador bastante próximo de um abrigo de morcegos classificado como de Importância Nacional (o abrigo Alvaiázere): este abrigo que se situa a poucas centenas de metros da localização do aerogerador 4, alberga uma colónia com presença regular de mais de 2000 indivíduos da espécie Miniopterus schreibersii durante a época de hibernação, período em que também é utilizado por algumas centenas de indivíduos das espécies Rhinolophus ferrumequinum e Rhinolophus euryale.

A espécie Miniopterus schreibersii que em Portugal está classificada com o estatuto de ameaça Vulnerável, é uma das espécies que segundo a EUROBATS apresenta risco de colisão com os aerogeradores, pelo que consideramos que a presença do aerogerador 4 a curta distância do abrigo Alvaiázere e o facto de a área de rotação das suas pás ficar sensivelmente à mesma cota da saída deste abrigo, poderá causar uma elevada mortalidade sobre os indivíduos desta espécie que utilizam o local durante o período de hibernação.

Todas as espécies de morcegos que ocorrem em Portugal estão protegidas por legislação nacional e internacional, incidindo esta protecção não só nas acções directas sobre estes animais, mas também nas acções sobre os seus abrigos e habitats mais importantes.

No que toca à protecção destes patrimónios naturais acima descritos, o GPS intenta as entidades públicas receptoras desta comunicação, a tomarem as devidas diligências correspectivas às suas áreas de actuação, que de acordo com essas atribuições, dotadas das competências devidas, certamente e atempadamente tais bens em causa estarão salvaguardados, bem como, serão apuradas as responsabilidades dos actos ilegais praticados até ao momento.

Assim, tendo em conta as situações anteriormente expostas, o GPS considera que:

Os trabalhos nos aerogeradores 6 e 7, devem ser imediatamente interrompidos, para que se permita avaliar o interesse científico e patrimonial das cavidades aí existentes;

No caso do aerogerador 7, devem ser retirados os materiais que entretanto obstruíram a cavidade, para que seja possível efectuar a sua exploração;

Sempre que no decurso das obras surjam novas cavidades, estas deverão ser imediatamente visitadas e o respectivo relatório enviado às autoridades competentes, para que o seu interesse geológico, biológico e arqueológico possa ser avaliado.

A localização do aerogerador 4 deverá ser alterada, para um novo local, onde o risco de colisão com os indivíduos da colónia de hibernação de Miniopterus schreibersii do abrigo Alvaiázere seja reduzido, ou de preferência inexistente.


Pombal, 16 de Dezembro de 2009
A Direcção do GPS


AG7_8-12-2009


AG7_13-12-2009


AG7_001


AG7_002


AG7_003


AG6_001


ACoelho_001


Croqui_Algar do Coelho

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Comunicado do GPS - Grupo Protecção Sicó

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Caros senhores:

Serve o presente para comunicar que no decorrer de uma visita ao Algar da Água (abrigo de morcegos de Importância Nacional, situado na Serra de Alvaiázere, concelho de Alvaiázere), inserida nas actividades regulares do Grupo de Trabalho de Quirópteros do GPS, foram detectadas duas cavidades cársicas em plena área de implantação do Parque Eólico de Alvaiázere (em construção). As referidas cavidades encontram-se situadas no desaterro realizado para implantação dos aerogeradores 6 e 7.
Ambas cavidades implantam-se numa linha de fractura N-S, estando aparentemente alinhadas e coincidentes com a mesma fractura.

CAVIDADES:
Algar AG6 (Foto AG6_01)
-> A cavidade tem um poço vertical de entrada de cerca de 7metros, na sua base (com uma largura média de 3metros) encontra-se um cone de blocos provenientes do tecto da fenda e resultado da abertura da cavidade por maquinaria pesada, Este cone de blocos poderá esconder um desenvolvimento vertical superior ao constatado. Na base do poço de entrada a cavidade desenvolve-se predominantemente para Sul em direcção a um antigo desabamento, o seu desenvolvimento horizontal ronda os 15 a 20metros (croqui de exploração em anexo), com possibilidade de continuação (necessita trabalho mais cuidado na zona do antigo desabamento para uma melhor avaliação desta hipótese).

Algar AG7 (Foto AG7_01)
->A cavidade encontra-se já parcialmente destruída devido aos trabalhos de escavação sendo visível no terreno um poço vertical (com entrada estreita) com 4 a 5m de profundidade. Realizando um pequeno teste de profundidade recorrendo a pedras lançadas do exterior, a profundidade aparenta ser de 15 a 20metros, que necessita de confirmação mediante alargamento da zona de entra e consequente descida da cavidade. De notar que existe forte probabilidade de existir uma cavidade de dimensões razoáveis dada a corrente de ar sentida na entrada desta.


NOTAS:
Existe um inquestionável valor cientifico na zona do AG7 (Foto AG7_02), a presença de crioclastos de granulometria variada (Foto AG7_03) que ocupam toda a parede E da escavação deste aerogerador. Estes poderão ser alvo de estudos futuros sobre a evolução quaternária da Serra de Alvaiázere e próprio Maciço Sicó-Alvaiázere, este facto foi prontamente comunicado ao Prof. Doutor Lúcio Cunha (professor universitário -Univ.Coimbra e membro da Comissão Cientifica da FPE - Federação Portuguesa de Espeleologia), que se mostrou desde logo interessado em visitar o local.

Alertamos para o facto de ser necessário alguma celeridade no processo pois corre-se sério risco que empresa responsável pela construção do parque eólico proceder ao entulhamento das referidas cavidades, perdendo-se assim informação preciosa para o estudo do carso profundo e circulação hídrica subterrânea da Serra de Alvaiázere.

O GPS encontra-se igualmente disponível para colaborar nos trabalhos espeleológicos e a fornecer informações que possui do concelho de Alvaiázere necessários para o estudo destas cavidades, dando assim seguimento ao seu plano de acção para a Serra de Alvaiázere. Lembramos que parte desta informação encontra-se publicada em formato poster, apresentado no Colóquio "Desenvolvimento sócio-económico promovido pelo Património Geológico e Geomorfológico nas Terras de Sicó - Alvaiázere 2007 e no 5ª Congresso Nacional de Espeleologia - FPE, Alcanena 2007.


Sem mais de momento e gratos pela atenção.
Saudações cavernícolas
Cláudia Neves
(Presidente do GPS)







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Este comunicado foi enviado para:
ICNB
PNSAC
CCDRC
Agência Portuguesa do Ambiente
Administração da Região Hidrográfica do Centro
Comissão Cientifica da Federação Portuguesa de Espeleologia
Federação Portuguesa de Espeleologia (Direcção)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

2ª NOITE DOS MORCEGOS DE POMBAL





13ª NOITE EUROPEIA DOS MORCEGOS


No dia 29 de Agosto de 2009, no âmbito da 13ª Noite Europeia dos Morcegos decorreu no Vale do Poio-Novo (Redinha – Pombal) a 2ª Noite dos Morcegos de Pombal, evento organizado pelo Grupo Protecção Sicó (GPS).

Os objectivos deste evento foram o sensibilizar as pessoas para a necessidade de proteger estes mamíferos, desmistificando crenças populares a eles associadas, dando a conhecer os principais aspectos relacionados com a sua ecologia e biologia, explicando o porquê de serem um dos grupos faunísticos mais vulneráveis e a sua importância em termos ecológicos e económicos. O local seleccionado permitiu ainda mostrar uma das zonas mais emblemáticas do Sítio Sicó-Alvaiázere, área pertencente à Lista Nacional de Sítios da Rede Natura 2000.

O programa foi o seguinte:

19h00: embarque dos participantes rumo ao Vale do Poio Novo, durante o trajecto decorreu uma pequena palestra sobre os morcegos;

20h00 às 21h30: identificação e audição de morcegos, com recurso a detectores de ultra-sons.

Durante o evento foi possível ouvir (através dos detectores de ultra-sons) e por vezes ver o voo das espécies Pipistrellus pipistrellus (Morcego-anão), Eptesicus serotinus (Morcego-hortelão) e Tadarida teniotis (Morcego-rabudo). Para além destas, foi ainda detectado o género Myotis (não foi possível identificar a espécie exacta) e existe a possibilidade de também ter sido detectado o género Nyctalus.

Como curiosidade refira-se a observação de dois morcegos em fendas da escarpa rochosa, por parte de um dos grupos de participantes: apesar de não ter sido possível identificar com exactidão as espécies, conseguiu-se determinar que ambos pertencem ao género Myotis e que eram duas espécies diferentes.

O evento contou com um total de 40 participantes, com idades compreendidas entre os 6 e os 60 anos, que revelaram grande interesse e curiosidade nas matérias apresentadas.

O Grupo Protecção Sicó agradece a presença dos participantes e a todos os que contribuíram para a organização da 2ª Noite dos Morcegos de Pombal.

Monitores: Pedro Alves, Bruno Silva, Sílvia Barreiro e Rita Lemos (quirópteros), Sérgio Medeiros (geomorfologia), Cláudia Neves, Carlos Ferreira, Hugo Neves


Esta actividade contou com o apoio de:

Câmara Municipal de Pombal





Plecotus, Estudos Ambientais, Unipessoal, Lda







sexta-feira, 14 de agosto de 2009

13ª Noite Europeia dos Morcegos


Este ano o Grupo Protecção Sicó decidiu mais uma vez associar-se à 13ª Noite Europeia dos Morcegos, organizando a 2ª Noite dos Morcegos de Pombal no dia 29 de Agosto.

Desta vez a saída será efectuada no Vale do Poio Novo (Redinha), canhão fluviocársico utilizado como abrigo por algumas espécies de morcegos, como por exemplo o Morcego-anão e o Morcego-rabudo. Nesta saída esperamos ver e ouvir estas e outras espécies que utilizam este vale como abrigo e como zona de alimentação, tentando ao mesmo tempo identificá-las através das suas vocalizações (utilizando um detector de -ultra-sons).

A concentração será em Pombal (junto à Biblioteca Municipal), estando disponível transporte para levar os participantes até próximo do local onde será efectuada a actividade. Será ainda necessário percorrer um trajecto a pé (percurso não adequado a pessoas com dificuldades de locomoção).

Inscrições até 28 de Agosto (inscrições limitadas), através do telefone 236212054 ou do email gps.sico@gmail.com. Só serão admitidas crianças se acompanhadas por adulto. Será disponibilizada iluminação. Os participantes devem levar calçado de campo, merenda e água.

Seguro e logística: 5€

Data: 29 de Agosto
Local: Vale do Poio (Redinha/Pombal)
Horários: 18h45 - concentração junto à Biblioteca Municipal de Pombal; 20h às 22h - identificação e audição de morcegos com recurso a detector de ultra-sons
Organização: GPS - Grupo Protecção Sicó
Apoio: Câmara Municipal de Pombal

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

5º Curso de Iniciação à Espeleologia



O curso decorrerá durante 5 fins de semana, entre o Maciço Sicó-Alvaiázere e o Maciço Estremenho, e irá abarcar conteúdos que vão desde a Geologia, Espeleo-génese, Segurança e socorro, História da Espeleologia e Arqueologia, até Material e Nós, Técnicas de exploração, Climatologia, Morcegos, passando ainda por, Prospecção, Cartografia, Topografia, Organização de dados, Ecologia e Bioespeleologia. Tendo ainda uma forte componente prática, mais concretamente, Técnicas de progressão vertical e Horizontal (com treino em falésia e visita a cavidades, incluindo grandes verticais), Topografia, Desobstrução, Arqueologia.
Terminará não só com a lavagem do material, mas também, claro, com exames teóricos e práticos.
O curso foi pensado segundas as normas da Federação Portuguesa de Espeleologia - FPE, e é aberto a sócios e não sócios, no entanto as inscrições são limitas.

Entidade Organizadora:
GPS – Grupo Protecção Sicó
Praça Manuel Henriques Jr., nº.24 1º Esq.
3100-500 POMBAL
Telf./FAX-236207607
Email: gps.sico@gmail.com